segunda-feira, 28 de setembro de 2015

DOCUMENTÁRIO SOBRE SUAPE SERÁ LANÇADO EM RECIFE

No próximo dia 30, o documentário "Suape: desenvolvimento para quem?" terá lançamento oficial no VI Festival do Filme Etnográfico do Recife (FIFER), apresentando as injustiças socioambientais e conflitos gerados pela implantação do Complexo Industrial Portuário de Suape (CPIS). Dirigido por Mariana Olívia e com roteiro assinado pela pesquisadora Lia Giraldo, a produção retrata o período de 2011 a 2015 com depoimentos de moradores, pesquisadores e entidades a respeito do desenvolvimento da região por meio da implementação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que reforçou o projeto com viés desenvolvimentista do CPIS.

O Complexo de Suape teve início em 1970 visto como um grande empreendimento. Mas foi na última década que o projeto ganhou força com o PAC. Segundo a Agência Estadual de Planejamento e Pesquisa de Pernambuco, Suape é o pólo portuário mais completo do nordeste visto que conecta mais de 160 portos distribuídos em todos os continentes e comporta entorno de 130 indústrias, dentre elas: petroquímica, de cimento, fertilizantes e pneumática. Assim, o empreendimento teve repercussão com o impacto no contexto socioeconômico de forma positiva com a geração de empregos, aumento da arrecadação de impostos, investimentos sociais na região e fomento do setor de turismo.

Porém, os desdobramentos do empreendimento demonstram uma face muito menos otimista. A região industrial sofre com a especulação imobiliária, consequentemente, a expulsão de comunidades tradicionais, processos migratórios e a desterritorialização. A exemplo dos pescadores da ilha de Tatuoca, a 52Km de Recife. A instalação dos estaleiros Atlântico Sul e Pomar exigiu um acesso por terra a ilha, dessa forma, reorganizando o território e o modo de vida extrativista e pesqueiro dessa comunidade. A expropriação do território gera perdas materiais e imateriais, sendo as primeiras relacionadas à precariedade de infraestrutura ao serem remanejadas e a fragilidade de políticas públicas no atendimento à essas famílias, já as segundas estão ligadas a identidade territorial e o isolamento geográfico nesse processo de desterritorialização.

Assim os indivíduos dessa comunidade perdem a sua coloração, a sua subjetividade. Bem como o meio ambiente em que vivem, eles próprios são reificados. Por isso, supostamente, podem ser extraídos do seu território e subtraídos do seu modo de vida para atender as demandas do desenvolvimento.

Essa e outras discussões serão abordadas no documentário. Não perca!

Um comentário:

  1. Obrigada pela matéria! Vamos disponibilizar o documentário na internet. Dia 26.10 faremos uma sessão com a população do território de Suape, Cabo de Santo Agostinho e dia 27.10 mais uma exibição com debate na Fiocruz PE, que fica no Campus da UFPE. os dois eventos começarão as 9:00.

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