sábado, 8 de dezembro de 2012

COP-18 e o possível fim do Protocolo de Kyoto


Durante essa semana vem acontecendo em Doha no Qatar a COP-18, décima oitava conferencia do clima  cercada de incertezas quanto ao seu principal objetivo: estabelecer uma extensão do Protocolo de Kyoto, hoje o único acordo internacional de proteção climática em vigor.
Para quem não se lembra de ou ainda não sabe, o Protocolo de Kyoto (ou Quioto)  é consequência de uma série de eventos iniciada com a Toronto Conference on the Changing Atmosphere, no Canadá (outubro de 1988), seguida pelo IPCC's First Assessment Report em Sundsvall, Suécia (agosto de 1990) e que culminou com a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (CQNUMC, ou UNFCCC em inglês) na ECO-92 no Rio de Janeiro, Brasil (junho de 1992). Trata-se de um tratado internacional com compromissos mais rígidos para a redução da emissão dos gases que agravam o efeito estufa, considerados, como causa antropogênica do aquecimento global. Por ele se propõe um calendário pelo qual os países-membros têm a obrigação de reduzir a emissão de gases do efeito estufa em, pelo menos, 5,2% em relação aos níveis de 1990 no período entre 2008 e 2012, também chamado de primeiro período de compromisso (para muitos países, como os membros da UE, isso corresponde a 15% abaixo das emissões esperadas para 2008).

A extensão do Protocolo de Kyoto, que vence no próximo dia 31, deve acabar saindo  apesar de um aparente descontentamento geral com o texto. Além de decidir até quando esse "puxadinho" do acordo valerá -- se até 2017 ou até 2020--, ficou para o encontro de agora a definição do quanto será reduzido nas emissões. De qualquer maneira, o acordo já nasce com um alcance limitado. Só a União Europeia e a Austrália, responsáveis por cerca de 15% das emissões globais de carbono, concordaram em participar com ações concretas de redução de emissões do que já está sendo chamado, nos bastidores da COP-18, de "Kyotinho".
O acordo, porém, já foi criado com ausências importantes. Os EUA não ratificaram o pacto, e nações em desenvolvimento como China, Índia e Brasil, que hoje respondem por boa parte das emissões mundiais, não tinham metas imediatas.
Hoje, o maior impasse para a extensão é puxado por Rússia, Polônia e Ucrânia. Esses países emitiram menos do que poderiam na primeira fase de Kyoto e agora querem levar essas "sobras" no potencial de emissões, o chamado "hot air", para a segunda fase do acordo, o que desagrada boa parte dos negociadores.
Representantes dos quase 200 países reunidos em Doha, no Qatar, não chegaram a um acordo, e a COP-18, cúpula do clima da ONU que deveria ter terminado dia 07 de dezembro à noite, ficou sem hora para acabar.

Mais informações aqui e aqui.

ADENDO
O Protocolo foi extendido por oito anos para além de 2012, o que o mantém ativo como o único plano que gera obrigações legais com o objetivo de enfrentar o aquecimento global. Mas Rússia, Japão e Canadá abandonaram o contrato, o que faz com que as emissões de gases do efeito estufa de países que assinam o tratado representem apenas 15% do total global.

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