“A
descoberta de grandes reservas de gás de xisto (gás não convencional) é o
evento mais importante do século no setor de energia”. Essa afirmação é feita
por John Larson, vice- presidente da consultoria ISH Global Insight, sobre o
que dizem ser “A Revolução de Xisto”. Nos últimos anos, a produção de xisto
gerou um grande impacto na economia norte-americana, e alguns até especulam uma
autossuficiência energética devido ao gás não convencional.
O
xisto é um tipo de rocha que se encontra a aproximadamente quatro quilômetros
abaixo da superfície terrestre. Ele aprisiona um gás composto por nitrogênio,
metano, sulfato de hidrogênio, tolueno e outros solventes. Os avanços
tecnológicos possibilitaram o crescimento da produção de gás de xisto nos
Estados Unidos e em outras localidades do globo. A técnica de fratura
hidráulica (fracking) é a mais utilizada. Ela se resume em explosões para a
quebra das rochas e na injeção de água em alta pressão, além de produtos
químicos (coquetéis) e areia nas rochas de xistos fazendo com que liberem o gás
e o petróleo.
O
cenário estadunidense parece ser animador. A parcela do gás proveniente das
rochas de xisto na produção total de gás saltou de 4% para 34% na última década
com projeção de uma participação de 50% até 2020. Segundo a ISH Global Insight,
ocorreu a criação de 1,7 milhões de postos de emprego relacionados diretamente
e indiretamente com a produção do gás de xisto. O impacto da produção dessa
industria no PIB do EUA ao longo dessa década é estimado em 3 %. O governo
acredita que com a substituição do petróleo por gás de xisto sua dependência de
importação de petróleo do Iraque chegue ao fim.
Outros
países ainda discutem sobre a polêmica extração do gás. A Índia mostra avanços
no processo de liberação da exploração do Gás de Xisto ao permitir que a
empresa estatal ONGC e a OilIndia explore essas áreas. Já a Holanda, pressionada
por moradores próximos as áreas de exploração e outros setores da sociedade,
decidiu retardar a perfuração de poços. E o Brasil? Qual é a situação das
reservas de xisto no país?
Segundo
a Diretora Geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) Magda Chambriard, o
Brasil possui 500 trilhões de pés cúbicos (um pé cúbico é equivalente a
aproximadamente 0.028m). O gás é distribuído por Mato Grosso (Bacia de
Parecis), Maranhão, Piauí (Parnaíba),Minas Gerais, Bahia (São Francisco),
Paraná e Mato Grosso do sul. Se as estimativas estiverem corretas estamos
falando de uma quantidade maior que o pré-sal. E para a nossa surpresa o 1º
leilão de Gás de Xisto no Brasil já está marcado para Dezembro de 2013.
Apesar
de tantos benefícios econômicos, sérios problemas ambientais são gerados no
processo de extração do gás. Dentre eles está a contaminação dos lençóis
freáticos pelos coquetéis utilizados na técnica de fratura hidráulica. Essas
substâncias químicas são omitidas pelas empresas, dificultando a análise do
impacto real nos corpos hídricos. Além de o gás compor solventes tóxicos e
corrosivos. Para piorar, nenhuma agência reguladora (ANA e Ibama) detêm estudos
específicos envolvendo a industria de gás não convencional.