quarta-feira, 13 de junho de 2012

As áreas verdes desprotegidas

Para entender o problema, leia a matéria publicada no jornal O Globo, no dia 11/05/2012: 

Sinceramente, não vejo nenhuma área verde desprotegida nessa imagem. Só pessoas desprotegidas, procurando abrigo. 

Segundo a matéria "Enseada de Botafogo, Aterro do Flamengo e Campo de Santana. Três áreas de lazer, com muito verde que poderiam ser um cenário digno de boas recordações para visitantes que conhecerão a cidade durante a Conferencia das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que acontecerá no mês que vêm. Mas os belos cartões postais tem ao menos um triste ponto em comum: estão tomadas por moradores de rua. Boa parte deles usa o espaço para consumo de drogas, espantando cariocas e turistas. [...]"

É o mesmo que dizer: - Essas pessoas, que tem fome, frio, não tem onde morar e nem perspectivas de vida, estão enfeiando o cartão-postal que eu gostaria de mostar aos que visitam minha cidade.

É um julgamento muito injusto e até mesmo cruel. A situação ainda piora, quando a conferência sobre meio ambiente Rio+20 é mencionada. Com certeza, quem escreveu tal notícia, não compreende bem as questões ambientais, e nem o significado que a conferência tem (ou, deveria ter).

Um "mundo sustentável" de fato, não deve incluir um pensamento no qual a estética de um ponto turístico vale mais que o bem estar e a proteção dos seres humanos que, por ventura, se abrigam nestes. 

Alguns podem pensar, até mesmo, que esta discussão sobre moradores de rua não tem nada a ver com meio ambiente (afinal não estamos falando nem de árvores, nem de reciclagem, nem de animais em extinção), mas tais pessoas, pertencentes ao grupo de excluídos sociais, são justamente as que mais sofrem com os impactos ambientais e com as externalidades dos processos produtivos. É, portanto, lógico que elas fossem um dos principais pontos da discussão iniciada hoje, na Conferência. Ou será que essas pessoas não tem espaço na tão alardeada Economia Verde?
Quando, por exemplo, a produção de uma empresa afeta o padrão de vida de uma população de forma negativa, sem que estas participem dos lucros auferidos por essa produção, dizemos que esta produção possui externalidades"
É claro que essas pessoas não devem permanecer em tais lugares, mas elas não podem ser tratadas como uma ameaça iminente, que espantam  turistas e moradores. Espantoso é a falta de sensibilidade da maioria das pessoas.

Por Ana Eliza Martinho

O boletim de Junho, está trazendo uma discussão sobre a "apropriação" dos recursos naturais. A quem pertence a natureza? Nos dê sua opinião, nos comentários abaixo, ou na nossa página no Facebook.

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