domingo, 22 de julho de 2012

O PODEROSO CHEFÃO

O Brasil está numa fase muito otimista para os economistas, chegou a 6º maior economia mundial e almeja o primeiro lugar com a esperança banhada em “ouro negro”, o petróleo, ou melhor, o Pré-Sal. Acompanhando essa ascensão da economia brasileira, ainda calcada nos moldes desenvolvimentistas dos anos 50, aparece um “novo” grupo de empresariado liderado por Eike Batista. O nome do empresário virou sinônimo de sucesso, luxo e riqueza. Suas empresas “X” se espalham por todo o Brasil entre vários setores.

Eike Batista, filho do ex-ministro de Minas e Energia, Ezequiel Batista, concentrou seus esforços com os negociadores chineses, legado do seu pai. Na extração de minérios, a MMX, maior fornecedora da matéria prima a Siderurgia chinesa, domina o setor junto a sua concorrente Vale, espoliando os bens naturais e aviltando as comunidades tradicionais. A ganância de Eike Batista causa espanto, sua meta de chegar ao primeiro lugar como o homem mais rico do mundo não é novidade nenhuma, porém a maneira sórdida  através da qual consegue acumular capital fica omissa.

O seu mais novo megaprojeto, que favorece seus parceiros chineses, é a Zona Portuária do Açu, em São João da Barra (RJ). Serão 1.500 famílias desalojadas e a remoção já foi iniciada sem ao menos o estabelecimento de um lugar para serem realocados. Os agricultores estão indignados com a falta de respeito e com a truculência do processo de remoção, que está sendo feito pela segurança privada de Eike junto com a polícia militar.


A intimidade entre Eike Batista e o Governo Municipal provoca aversão. Quais são as verdadeiras intenções dessa parceria? O que está em jogo? Travestido de “bomburguês”, o empresário, “amigo” do prefeito Eduardo Paes, nessa manifestação de caridade e compromisso social, financia a pacificação das favelas cariocas e sua urbanização. As implantações das UPPs ( unidade de polícia pacificadora), vista pelos crédulos como medida de segurança pública, não possui um propósito simplista de combate ao narcotráfico. A empresa REX do empresário atua no setor imobiliário, e seus negócios estão sendo atrapalhados pelos problemas de “favelização” de pontos da Zona Sul Carioca.  Tendo em vista a perda de dinheiro que estava tendo, Eike Batista, impulsionado pela especulação imobiliária, se movimentou para expulsar os favelados e “urbanizar” essas áreas. Na favela da Rocinha, por exemplo, algo tão grave quanto o antigo tráfico assola os moradores: o atual alto custo de vida. Após a chegada da UPP, o aluguel da parte baixa teve um aumento de 100% [1]. Sem condições para arcar com as contas no final do mês, um fluxo migratório da população da Rocinha rumo a áreas de menor valor imobiliário chegou à recorde na América Latina [1].  

 O Rio de Janeiro e seus investimentos estão com data marcada para terminar, e sabemos com quem ficará a maior fatia desse legado. Acima dos interesses da população está a ganância dos magnatas, os quais serão os maiores beneficiados das heranças deixadas pelos eventos esportivos.  Um poder mais forte que o poder público comanda as políticas públicas cariocas, nas mãos do homem que enriquece através da complacência do prefeito Eduardo Paes em detrimento da qualidade de vida das camadas mais vulneráveis da população. É o capital de Eike Batista que chefia as modificações do espaço urbano implicando em impactos socioambientais profundos. Cabe a pergunta: onde ficam os direitos da população?


Por William Cruz

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