terça-feira, 3 de julho de 2012

O preço do desenvolvimento

Foto: http://global.org.br/programas/
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Nesse último mês, o ativismo ambiental brasileiro veio sofrendo investidas cada vez mais violentas. Em Altamira (PA), indígenas e pescadores estão tendo seus direitos violados por parte do Estado e “seus” empreiteiros; em Itacuruba, a sociedade civil pernambucana luta pelo fim do Programa Nuclear Brasileiro, com a suspensão da obra duma Usina Nuclear no município.Já, na Cidade Maravilhosa, no último final de semana, a sociedade carioca assistiu estarrecida o noticiário local informar as brutais mortes de dois pescadores na Baía de Guanabara.



A queda de braços entre comunidades e megaprojetos é de conhecimento de todos, porém, atualmente, esses conflitos estão se tornando cada vez mais perigosos e bárbaros. No caso do Rio de Janeiro, o problema gira em torno do gasoduto submarino e terrestre, que irá facilitar o escoamento da Reduc e provavelmente irá comportar o escoamento do Comperj. A obra, por outro lado, está sendo baseada em mortes e confusões. A empresa terceirizada, contratada pela Petrobrás, responsável pela construção, é vista como a principal suspeita nos crimes que resultaram nas mortes de dois lideres da região, João Luiz Telles Penetra (Pituca) e Almir Nogueira de Amorin, ambos pescadores artesanais e representantes da Associação de Homens e Mulheres do Mar (AHOMAR). Outros três pescadores foram assassinados desde 2010, atribuem-se as mortes aos desentendimentos entre os pescadores e empreiteiros da Comperj, no episódio de desvio do Rio Guaxindiba, que se tornou afluente da Baía de Guanabara. Essa manobra possibilitaria o trânsito hidroviário para transporte de equipamentos numa APA (Área de Proteção Ambiental) em Guapimirim, o que prejudicaria os pescadores artesanais.

Ainda em relação ao caso do gasoduto da Petrobrás, outras lideranças estão sendo ameaçadas por grupos para-policiais. O presidente da AHOMAR, Alexandre Anderson, já recebeu várias ameaças e atentados. Alexandre Anderson informou ainda que o Programa de Proteção às Vítimas do estado do Rio de Janeiro apresenta problemas:“o serviço prestado é ineficiente”, disse Alexandre.

Em Assembleia da Alerj, o Deputado Estadual Marcelo Freixo (PSOL) usou a possível tragédia que está sendo desenhada pelos assassinatos de lideranças na Baía de Guanabara para apontar a inatividade dos três Programas de Proteção às Vítimas da Secretaria de Direitos Humanos do Estado do Rio. Segundo o deputado, pela falta do repasse de verbas e problemas burocráticos, os cidadãos que necessitarem desse serviço estarão vulneráveis devido à inoperância do programa. A Rio+20, Conferência das Nações Unidas que discutiu a noção de desenvolvimento sustentável e desenvolvimento, mal terminou e o país sede é bombardeado por denúncias de violações dos Direitos Humanos, Injustiça Socioambiental e crimes que possuem como perversos protagonistas o próprio Estado. Cabe refletir a quem esse desenvolvimento está servindo e qual é o preço a ser pago.

Por William Cruz

Um comentário:

  1. É um descaso com a comunidade local que tira seu sustento desses locais. Realmente , o país acabou de ser cede do Rio+20, e com esses relatos, só mostra o total descaso com essas comunidades !!!

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