sexta-feira, 29 de abril de 2011

Indústria do fumo faz acordo para não destruir mata atlântica

A indústria do fumo do sul do Brasil fechou um acordo com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para garantir que seu produto destrua apenas os pulmões dos usuários _e não mais a mata atlântica.

As duas principais associações da indústria fumageira, a Afubra e o Sinditabaco, se comprometeram a montar nos próximos meses um sistema de rastreamento ambiental que permita dizer se o fumo colhido no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná vem de novas áreas desmatadas.

A ideia é replicar acordos já feitos com o setor produtivo para a soja na Amazônia e a carne no Pará.

Ela se seguiu a uma operação do Ibama no final do ano passado, que detectou desmatamentos ilegais para fumo nos municípios de Arroio do Tigre, Segredo e Ibarama. O órgão ambiental embargou propriedades, multou pequenos produtores em R$ 360 mil e apreendeu mil metros cúbicos de lenha.

Segundo o Ibama, os produtores de tabaco estavam usando araucária uma espécie protegida por lei para secar o fumo.

"As empresas vendem que toda a produção de fumo é sustentável, com eucalipto nas estufas. Pelo menos naquelas áreas, isso não condiz com a realidade", afirmou o superintendente do Ibama no Rio Grande do Sul, João Pessoa Riograndense.

Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostram que o Rio Grande do Sul foi o Estado que mais acelerou o desmatamento na mata atlântica entre 2008 e 2010: a taxa cresceu 83%.

A proposta do Ibama é que as indústrias montem um sistema de monitoramento para toda a cadeia, que poderá incluir imagens de satélite das propriedades.

O engenheiro florestal Jorge Farias, da Afubra (Associação dos Fumicultores do Brasil), diz que o tamanho das propriedades dificulta o monitoramento remoto.

"São áreas de um ou dois hectares, menores do que o satélite pode detectar", afirma. Segundo ele, o mais provável é que sejam monitoradas apenas plantações perto de grandes remanescentes de mata atlântica ou em corredores de fauna.

"Tais iniciativas são essenciais, inclusive levando-se em conta que 85% do segmento tem foco na exportação", disse Iro Scünke, presidente do Sindicato da Indústria do Tabaco.

Por:http://www1.folha.uol.com.br/mercado/890295-industria-do-fumo-faz-acordo-para-nao-destruir-mata-atlantica.shtml

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