sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Crianças apresentam nódulos após acidente nuclear


Quase 40 mil crianças e adolescentes habitantes da região de Fukushima, no Norte do Japão, foram submetidas a testes para verificação do funcionamento da glândula tireóide, uma das maiores glândulas endócrinas - sintetiza hormônios essenciais para o desenvolvimento e crescimento dos diversos órgãos e sistemas em humanos.

Em 36% das crianças examinadas foram identificados nódulos, porém não houve confirmação de tumor maligno. Mais de 52 mil pessoas ainda estão fora de suas casas em um raio de 20 quilômetros ao redor da Usina Nuclear de Fukushima Daiichi, desde os acidentes de 2011.
As autoridades decidiram pelos testes, depois de verificar que algumas crianças de províncias vizinhas à Usina de Fukushima Daiichi foram detectadas com nódulos na tireóide. Mas o governo de Fukushima desconsidera a possibilidade de adotar medidas adicionais.
Os especialistas advertem que o iodo radioativo liberado pela usina durante os acidentes nucleares poderá se acumular nas glândulas tiroideas das crianças e aumentar os ricos de câncer. 
Em março de 2011, a região de Fukushima foi atingida por tsunami, depois de terremoto, que causou vazamentos e explosões radioativas. Desde então, o Japão está em alerta e redobrou os cuidados com a energia nuclear.
Em março de 2013, serão realizados novos testes em 4,5 mil crianças e adolescentes, em três províncias vizinhas de Fukushima. O governo espera assim aliviar a preocupação dos japoneses e detectar eventuais efeitos da radiação libertada pela central nuclear sobre as crianças.
Adaptado por Laís Viana

O debate que falta sobre o Código Florestal

 Por Cândido Grzybowski, sociólogo e diretor do Ibase,




No debate sobre o novo Código Florestal, os dilemas sobre que Brasil o mundo precisa e o que estamos dispostos a construir como nação numa perspectiva de sustentabilidade e justiça social, com democracia, ficam em segundo plano. O debate está restrito aos limites dados pelo agronegócio, entre o que seus promotores acham aceitável para continuar se expandindo e o que a sociedade é capaz de suportar, sem nada mudar no rumo já traçado. Na verdade, como questão pública e política, a mudança legal do Código Florestal é determinada por uma velha agenda desenvolvimentista, hegemonizada pelos grandes interesses e forças econômicas envolvidas na cadeia agroindustrial, um dos pilares do Brasil potência emergente. Tudo que se fará não será no sentido de uma mudança de rumo, mas de flexibilização de regras e condutas para continuar destruindo.

Por que? Por que a destruição ambiental não figura como questão neste debate? Por que é tão difícil discutir nossa responsabilidade no uso do imenso patrimônio natural que herdamos como país? Afinal, a biodiversidade – e floresta é um grande celeiro de biodiversidade – é um dos bens comuns mais centrais para a existência da vida, da humanidade. Os sistemas naturais de reprodução de todas as formas de vida no planeta Terra passam pela biodiversidade das florestas. O ciclo da água, este bem comum sem o qual nenhuma vida existe, depende das florestas. Floresta é vida!

Estamos contaminados por um ideal de desenvolvimento industrial produtivista voltado à acumulação, ao lucro, não à produção de bem estar e felicidade. Tudo é feito para crescer, crescer sempre e sem limites, quanto mais rápido melhor. Crescem os negócios, gera-se riqueza que destrói e exclui, o luxo e o lixo. Quanto mais crescemos, mais destruímos, criamos mais lixo do que bens. Socialmente, a lógica deste sistema não é satisfazer necessidades humanas, mas criar um tipo de riqueza ditada pela acumulação, causa da pobreza ao mesmo tempo. De forma desigual acumulamos, mesmo que na rabeira todos estejamos contaminados pelo ideal de acessar a mais bens. Não nos interrogamos do sentido de tais bens materiais, que são feitos para ter vida curta e precisam ser substituídos logo mais, tudo para que a produção e as vendas continuem a crescer e os capitais investidos continuem acumulando. No final da linha, muita destruição e injustiça social.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Chama o síndico?

O texto abaixo foi escrito pelo jornalista Denis Russo Burgierman, e publicado em seu blog "Sustentável é Pouco". Apesar de ter sido publicado a mais de um ano, ele continua atual, e pertinente principalmente no período eleitoral no qual nós nos encontramos.


Quando queima a lâmpada em casa, você compra uma lâmpada nova, sobe num banquinho e troca. Quando é um problema um pouquinho mais sério, sei lá, um chuveiro elétrico queimado, você talvez chame um eletricista e pode ficar sem banho quente por algumas horas. Quando entope a saída de esgoto, aí é mais sério: você bem possivelmente vai procurar uma boa empresa especializada, a não ser que tenha um encanador de muita confiança.

Pois bem: e se sua casa entrar em colapso? Todos os aparelhos elétricos começam a queimar, alguns com explosões, água suja sobe dos ralos, o teto se enche de goteiras, as paredes, de rachaduras, os armários, de ratos e insetos. O que você faz? Chama o síndico do prédio para “dar um jeitinho”?

É fácil comprovar a incapacidade do poder público 
de lidar com complexidade: basta olhar para cima
 e ver uma instalação elétrica. Você contrataria
 esse eletricista? Foto: DRB (CC)
É bem isso que está acontecendo nas grandes cidades brasileiras: um colapso. O sistema de trânsito e mobilidade urbana é uma porcaria. As pessoas passam mais tempo tentando chegar nos lugares do que em casa com a família, e todo dia uma centena de brasileiros morrem no caminho. O sistema de coleta de lixo é de uma tosqueira assustadora: algo como zero é reciclado ou compostado e os aterros crescem como cânceres. O asfalto está rachando em toda parte, porque a água da chuva não tem por onde escoar e se infiltra entre o piso e o solo. O clima está mudando rápido, com consequências desastrosas, e enchentes e deslizamentos ficam cada dia piores. O espaço público é horroroso: barulhento, fumacento, perigoso.

Diante de um colapso desses, nossas cidades tomaram uma decisão: chamaram o “síndico” e pediram para ele “dar um jeitinho”. É isso que as administrações públicas municipais brasileiras são: síndicos. São capazes de trocar uma lâmpada, ou, num dia inspirado, o fusível de um chuveiro, mas certamente não são habilitadas para lidar com colapsos e para repensar sistemas.


domingo, 19 de agosto de 2012

Por um setor zero

Por Letícia Freire e Thais Herrero, em 10/08/12, Página 22, ed.66.

Mais que educador popular, antropólogo e folclorista, Tião Rocha é um desses mineiros bons de prosa, que aprecia o saber local. Fundador do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento, Rocha sempre acreditou que o desenvolvimento comunitário genuíno não nasce de políticas públicas impostas pelas agendas macro, mas, sim, da própria gente. “O arroz com feijão da discussão tem de estar onde as pessoas vivem. Enquanto acharmos que política pública é coisa de governo, ainda estaremos pensando dentro da caixa.”

À procura de soluções para os mais diversos problemas nas comunidades em que atuou, aprendeu a enxergar a metade cheia do copo pela via criativa. Sem dogmas, pensou fora do quadrado, criou a pedagogia da roda, fez de um pé de manga uma sala de aula e inventou jogos educativos.

Das experiências acumuladas ao longo da jornada, contadas nesta entrevista, ficou a certeza de que a real transformação virá de um “setor zero”, legitimado pela sociedade e baseado na ética pura. “Para tudo nós dizemos ‘isso é do governo, isso é do mercado e isso é da sociedade’. Precisamos de um Setor Zero, no qual os indivíduos são os produtores de políticas públicas não governamentais. É o salto fundamental.”

Confira a entrevista abaixo:

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

O PIB e a felicidade

Por Eliana Cardoso,
PHD pelo MIT e professora da FGV-São Paulo

A presidente Dilma Rousseff causou controvérsia ao afirmar que se mede a Nação não pelo produto interno bruto (PIB), mas pela capacidade de proteção às crianças. Os críticos logo apontaram a forte correlação entre renda e situação infantil. O momento tornou infeliz o palpite fabricado para tampar a falta de resultados na seara do crescimento. Mas se a presidente tivesse o dom da oratória poderia ter trazido à tona temas importantes subjacentes à sua declaração.

Dilma poderia ter lembrado, como fez a revista britânica The Economist na mesma semana, que o PIB "mede tudo, exceto o que faz a vida valer a pena". A frase é de Bobby Kennedy. Retórica? Nem tanto. O PIB inclui a publicidade do cigarro, mas não subtrai a poluição do ar. Inclui a cachaça e as ambulâncias que recolhem as vítimas de motoristas bêbados, mas não subtrai as horas que perdemos em congestionamentos de automóveis. Inclui as fechaduras triplas com que trancamos as portas de nossas casas e os cadeados dos presídios. Soma a madeira da árvore derrubada, mas não subtrai o desmatamento da Amazônia. Adiciona os rifles dos traficantes e os jogos de computador que glorificam a violência. Soma geladeiras, armas e carros blindados, mas não subtrai o cheiro dos lixões nem o aquecimento do planeta. O crescimento do PIB proporciona a ilusão da felicidade, enquanto o enriquecimento torna os homens mais aquisitivos e, portanto, cada vez mais insaciáveis e descontentes.

Por que o crescimento superou todos os outros objetivos de política econômica? A origem da ideologia do crescimento surge da década de 1960, com a necessidade de o mundo ocidental enfrentar a corrida armamentista. Países do sistema soviético pareciam crescer mais depressa que os do sistema capitalista. E, capazes de suprimir o consumo privado, também podiam dedicar maior parcela da riqueza a gastos militares. Por outro lado, o crescimento econômico permitia aos países capitalistas melhorar a posição dos pobres sem aumentar os impostos dos ricos. Mas adiante, a ganância solaparia os valores comunitários, reduzindo ainda mais o bem-estar.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

MPF organiza Audiência sobre os impactos do COMPERJ no RJ

Impulsionado pela lógica “desenvolvimentista”, o Brasil desenvolve empreendimentos de grande impacto social e ambiental. A exemplo do Porto do Açu (RJ), a Hidrelétrica de Santo Antônio (RO) e a Usina Nuclear do nordeste (PE), o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) promove a disputa entre desenvolvimento econômico predador e a preservação da vida.


O Ministério Público Federal (MPF) organizou uma Audiência Pública nesta segunda-feira (06/08/2012) para expor os passivos socioambientais das empresas do setor petroleiro e petroquímico, pondo em destaque a Reduc (Refinaria de Duque de Caxias) e Comperj. Em plenária lotada, os representantes do governo relataram o procedimento de licenciamento dos empreendimentos da Petrobras e suas consequências.

Os discursos dos representantes do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICM-Bio), Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e Petrobrás foram marcados por contradições. O ponto mais delicado que dividiu as opiniões foi a criticada “fragmentação do licenciamento”. Segundo Breno Herrera, representante do ICM – Bio, a Licença Provisória (LP) da obra da Comperj assegura a inviolabilidade das unidades de conservação (UC), impede a construção de dutos nessas regiões e transporte de equipamentos pesados. No entanto, apesar de previstas essas obras adicionais acontecem contrariando a tal inviolabilidade, e ainda com licenciamento independente. Já Luis F. Pereira, subsecretário do Inea, discorda, afirmando que a consideração da construção do gasoduto, o emissário e o transporte de equipamentos pesados estavam previstos desde o início do licenciamento.

A questão do emissário para os resíduos do Complexo Petroquímico também foi seguida de divergências. A LP obriga a Comperj a emitir seus resíduos no mar, desconsiderando qualquer emissão na Baía de Guanabara. Luis Pereira afirmou que esses efluentes estão enquadrados nos “Padrões Conama” e não apresentam grandes riscos, por isso, foi licenciado o seu lançamento, sem diluição, numa distância de 4Km da costa. Já os  moradores de Maricá, região que será mais afetada pelo emissário, discordam dessa posição, pois alegam que  foram descartadas nos Estudos de Impactos Ambientais (EIA) o impacto das correntes marítimas, que irão trazer a turva contaminante para as praias.

Os Planos da Petrobras de Monitoramento dos ecossistemas foram exibidos por Daniela dos Santos, gerente de Saúde, Segurança e Meio Ambiente da Comperj/Petrobras. Daniela informou também sobre o plantio 73 hectares de mata ciliar do Rio Macacu, além da implantação de um viveiro que abriga 900 mil mudas; ambas condicionantes previstas no termo de compromisso (TC). Daniela Souza ainda esclareceu sobre a  para o transporte aquaviário dos equipamentos pesados, atribuindo essa mudança ao cronograma. O que, fazendo-se uma leitura crítica, pode se chamar de ambição por um rápido retorno em lucros.

O Comperj é o maior empreendimento dessa envergadura na América Latina. Uma obra “faraônica” que está comprometendo a preservação e a qualidade dos rios que drenam a Baía de Guanabara. O governo, por sua vez, fecha os olhos para as comunidades impactadas e financia o setor pretoleiro e petroquímico, indicando não só a despreocupação com a “saúde” do meio ambiente, mais também a manutenção da dependência aos combustíveis fósseis.

Por William Cruz

sábado, 4 de agosto de 2012

Pescadores mostram sua força em Audiência na Câmara dos Vereadores.

Semana passada (01/08), ocorreu na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro uma Audiência Pública em Solidariedade aos pescadores da Baía de Guanabara.




No mês de Junho, dois pescadores foram encontrados mortos, amarrados em seus barcos, na praia de Mauá, Magé. Segundo indícios, os homicídios, assim classificadas as mortes, foram executados por milícias contratadas pelas empresas terceirizadas que prestam serviço à Petrobras, sendo elas responsáveis pela construção do gasoduto da Reduc,obra que prejudica a pesca artesanal.

A audiência estava lotada. Nela se encontrava pescadores da Baía de Guanabara, Pedra de Guaratiba e Baía de Sepetiba, que também sofre com a contaminação industrial, no caso, proveniente da Companhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA). Os pescadores traziam em punhos cartazes com dizeres suplicantes que manifestavam, em poucas palavras, a situação em que vivem: “Baía de Sepetiba pede Socorro!”, “ A pesca artesanal do Rio de Janeiro agoniza!” entre outras frases denunciantes do estado crítico da condição da pesca nas Baías.