quinta-feira, 28 de março de 2013

Diversificando nossas opções


Por Ana Eliza Martinho
O tema “energia” tem aparecido com alguma frequência nos noticiários atuais. Lemos sobre o risco de um “apagão”, sobre a crescente demanda energética e sobre a necessidade de um racionamento.

Quando o nível das hidroelétricas baixa demais existe o risco de que a quantidade de energia gerada não supra a demanda do país. Para que não falte energia, outras fontes precisam ser acionadas. Seja por conveniência ou por comodidade dos setores beneficiados, a opção sempre recai sobre a energia fóssil. Dessa forma, a energia hidroelétrica, que possui emissões de gases de efeito estufa relativamente baixas, cede espaço para as termoelétricas altamente poluidoras, deixando em terceiro plano as fontes mais limpas como a solar, a eólica e a biomassa.
Um evento como a seca, que pode ser agravado por alterações climáticas, é responsável pela redução do nível dos reservatórios das hidroelétricas, que são complementadas por termoelétricas geradoras de gases de efeito estufa, que geram mais mudanças no clima e mais seca. Continuaremos neste ciclo esquizofrênico e anacrônico, enquanto não insistirmos na adoção de um modelo que possa aproveitar todas as vantagens da energia renovável.
A lentidão em se diversificar a matriz energética levará a prejuízos ambientais altíssimos. Assim, não há desconto na conta de luz que resolva.
http://www.oeco.com.br/convidados-lista/26878-o-bom-o-mau-e-o-feio-tres-fontes-de-energia-em-conflito

domingo, 24 de março de 2013

Era do Conhecimento


Vivemos na Era em que o conhecimento sofre de forma profunda uma valorização. As exigências empresariais estão cada vez mais criteriosas no que diz respeito à bagagem de conhecimento que o empregado adquiriu e como esse conhecimento é usado por ele.
Segundo alguns autores, ocorre uma tendência de desespecialização, de forma que, constata um resgate de qualidades desprezada pela ciência convencional. O pensamento científico calcado no cartesianismo e na racionalidade instrumental guiou hegemonicamente a construção dos saberes de nossa sociedade industrial, porém, principalmente, pela introdução do conhecimento ambiental que por essência é transdisciplinar e interdisciplinar, timidamente, o pensamento disjuntivo é desbancado.

A complexidade das situações exige a busca por uma visão holística dos problemas em que as dimensões sociais, ambientais, políticas e culturais devem ser consideradas. Dessa forma, baseado na teoria de E. Morin, o conhecimento caminha para o avanço do pensamento complexo.

Qualidades como a emotividade e integralidade ganham importância no meio empresarial, requesitos indispensável para o perfil de intraempreendedor.  Aquele empregado de pensamento inovador que trará ganhos significativos para a organização na qual ele se insere.

Assim, saberes tradicionais, científicos e oriundos da experiência são equivalentes acerca de sua contribuição para a construção do conhecimento, sendo ainda, segundo E. Morin, um espiral que perpassa pela externalização, combinação, internalização e socialização, etapas que respectivamente abrangem a produção dos mais diversos saberes seguindo uma passagem do conhecimento tácito – aquele proveniente da experiência individual – para o explícito – o conhecimento tácito parcialmente transferido através de um canal.

A sociedade segue uma complexidade do conhecimento que impõe as universidades uma responsabilidade em se desvencilhar dos moldes cartesianos e provincianos da epistemologia.  

terça-feira, 19 de março de 2013

Petrobras e Foster: Como isso afeta o meio ambiente


A Petrobras é a maior e principal empresa estatal do Brasil. Erguida pelo povo brasileiro através da campanha “O Petróleo Tem Que Ser Nosso”, foi criada em 1953. Até o ano de 1997 a empresa ainda não tinha vendido nenhuma plataforma, no entanto, de lá para cá, a estatal perdeu sua soberania, atualmente, a Petrobras teve seu monopólio quebrado nos leilões do Pré-Sal realizados pela ANP (Agência Nacional de Petróleo). Símbolo nacional, a empresa assumiu um importante papel de financiadora de vários projetos brasileiros a exemplo do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do Governo Federal e do PFRH (Programa de Formação de Recursos Humanos) do IFRJ, o último passível de amplas discussões críticas acerca da aproximação de empresas que não mais atendem como deveriam os interesses da população e uma instituição de ensino e pesquisa compromissada com a sociedade.
 
   
Depois da gestão mais longa da história, Gabrielle teve como sucessora Graça Foster que assumiu a presidência da empresa em Fevereiro de 2012. Aclamada por muitos, amiga íntima da presidenta Dilma Roussef, e por ela indicada, Foster recebeu elogios da grande mídia hegemônica corporativista sendo eleita pela revista DINHEIRO (IstoÉ) a “Empreendedora do Ano 2012”. Em contrapartida, essa mesma Mídia veicula notícias em que induzem a opinião pública acreditar que a Petrobras passa por difíceis problemas num momento em que é


amplamente divulgado o lucro da empresa, respectivo ao ano de 2012, de 21 Bilhões de reais, o oitavo maior lucro de toda sua história. E que essa “maré de azar” justificaria as medidas neoliberais promovidas por Foster.
 
As medidas da atual presidente da Petrobras visam o “desinvestimento”, processo venal de ativos de forma sigilosa que descarta licitações, estando ao encargo do Conselho Administrativo da companhia a decisão. O SINDIPETRO-RJ (Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro) discutiu no último dia 20 a questão do modelo implantado por Foster, segundo a Plenária, a atual presidência promove um “entreguismo” dos bens da Petrobras para beneficiar o setor privado, vide a recente venda da Bacia de Campos Nº4 ao magnata Eike Batista por 2 dólares o barril de extração.

Está ocorrendo um verdadeiro desmonte da Petrobras – com essa onda de neoliberalismo -  protagonizado por Foster, impõe um curso virulento de privatização da empresa. E o que o Meio Ambiente tem haver com isso?

Se essa situação se agravar, a Petrobras rompe de vez com a sociedade brasileira que não possuirá mais o domínio da estatal. Logo, em nome da lucratividade as empresas estrangeiras que controlariam a Petrobras vão espoliar predatoriamente todos os nossos recursos, flexibilizando nossa legislação e causando grandes impactos aos nossos ecossistemas. Além, de o Brasil perder a empresa que mais arrecada impostos para os três entes federativos e a que paga os royalties.

A Petrobras, com certeza, não é exemplo de empresa sustentável, isso não passa de puro marketing verde para iludir os investidores; os principais empreendimentos da empresa no Nordeste, Espírito Santo e no Rio de Janeiro desrespeitam sociedades tradicionais, poluem indiscriminadamente os corpos hídricos e, em certos casos, via terceirizadas está envolvida com grupos paramilitares (milícia). O conflito na Baía de Guanabara é emblemático nesse quesito, onde em favor da construção do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) os pescadores artesanais estão sendo mortos (quatro até o dado momento) ou tendo seu meio de subsistência expropriado. A FAPP – BG (Fórum dos Atingidos pela Indústria do Petróleo e Petroquímica nas cercanias da Baía de Guanabara) denuncia as atrocidades cometidas pela Petrobras, como na manifestação realizada no último mês de Janeiro lembrando os 13 anos do vazamento de 2000, como de que até hoje os pescadores não receberam as indenizações pelos danos causados pelo derramamento.

Se pública a Petrobras está assim, imagina privatizada?!

Fonte:
O PETRÓLEO É NOSSO. Rio de Janeiro: AEPET, Maio 2012.
MANZONI, Ralphe. EMPREENDEDOR DO ANO: GRAÇA FOSTER. Disponível em < http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/105881_GRACA+FOSTER>, acessado em 22/02/2013.  




 

segunda-feira, 11 de março de 2013

Novo sistema vai monitorar degradação florestal amazônica

A luta contra a perda da cobertura florestal na Amazônia acaba de ganhar mais um aliado. O Imazon, instituto de pesquisas baseado em Belém, lançou um novo sistema de monitoramento com imagens de satélite para detectar, além do desmatamento, também o grau de degradação da mata ao longo do ano.
Hoje o instituto já faz um monitoramento mensal - o Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD) -, que detecta os dois tipos de devastação e informa os órgãos fiscalizadores sobre onde está o problema. O trabalho funciona paralelamente ao Deter, serviço de monitoramento em tempo real do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
Até agora, no entanto, o Inpe era o único a ter uma análise anual - o Prodes -, mais precisa e em alta resolução, da perda. O novo produto é equivalente, com o diferencial de detectar também a degradação.

Ao contrário do desmatamento, caracterizado pelo corte raso da mata e facilmente detectável nas imagens de satélite, a degradação, compreendida como a perda de vegetação por queimadas e exploração madeireira, é mais lenta e, portanto, mais difícil de ver. Mas é importante monitorá-la por ter um papel fundamental na conversão da floresta.
É que, em muitos casos, o que começa com uma degradação, ao longo dos anos evolui à perda total da mata. Além disso, ela leva ao empobrecimento da floresta em termos de biodiversidade e estoques de carbono.
Com a nova ferramenta, o Imazon conseguiu fazer um mapa de todo o desmatamento e degradação ocorridos na Amazônia entre 2001 a 2010. Nesses dez anos, a degradação afetou uma área equivalente a 30% da área total desmatada no período, com média de 5.188 km2 por ano.
"É uma perda significativa. E, quando começa a ter pressão, há maior risco de virar alvo do desmatamento, então precisa controlar", diz o pesquisador Carlos Souza Jr. Segundo ele, com a ferramenta será possível investigar exatamente como ocorre essa transição ao longo dos anos. 

Por Giovana Girardi - Estado de S. Paulo.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Conhecimento em alta. E daí?

O clima não está bom nas negociações ambientais. Fonte: NASA


Por: Carla Almeida
Publicado em: Ciência Hoje Online

O novo relatório de avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que pode sair ainda este ano, não deve trazer muita novidade em termos de cenários futuros para o clima da Terra. A quinta edição do documento, que se tornou peça-chave no debate sobre o aquecimento global, impressionará mais pelo volume de conhecimento consolidado em suas mais de 3 mil páginas.

Esta foi basicamente a única informação sobre o relatório adiantada por Carlos Nobre e Luiz Pinguelli Rosa em encontro com a mídia durante a VII Conferência e Assembleia Geral da Rede Global de Academias de Ciências, realizada esta semana, no Rio de Janeiro. Os pesquisadores-gestores são referências importantes no debate nacional sobre as mudanças climáticas e estão envolvidos na elaboração da publicação.

Segundo Nobre, engenheiro do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e atual secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério de Ciência e Tecnologia, investimentos maciços na área nos últimos anos levaram a um salto da produção de conhecimento sobre as alterações no clima. “Os avanços foram muito rápidos; praticamente dobraram”, disse.

O engenheiro explicou que nos relatórios do IPCC há uma seção dedicada a lacunas no conhecimento sobre o clima do planeta e que um esforço enorme de pesquisa vem sendo feito para preenchê-las. Na sua avaliação, isto tornará o relatório do IPCC mais sólido e as evidências mais robustas em relação ao impacto negativo dos gases de efeito estufa produzidos pela ação humana no clima do planeta.

Em nível internacional, os últimos encontros da Organização das Nações Unidas (ONU) – sejam os climáticos, de diversidade biológica ou de desenvolvimento sustentável – praticamente não avançaram nas metas globais que dizem respeito ao meio ambiente. A Rio+20, no ano passado, deixou a desejar especialmente nas negociações sobre o clima. Os governos deixaram de lado alguns pontos essenciais do debate, como a criação de um fundo global para gerir danos causados por eventos climáticos. “Estamos brincando com o planeta Terra de maneira irresponsável e isso terá consequências graves”, disse Nobre, batendo na mesma tecla de sempre, mas com menos otimismo do que no passado.Mas enquanto os dados científicos sobre o clima se fortalecem, as negociações políticas na área vão mal – e não é preciso ser especialista para ver isso. Desde a Conferência do Clima de Copenhague, em dezembro de 2009, quando vários chefes de Estado se reuniram para negociar ações de combate ao aquecimento global – inclusive Obama e Lula –, não há motivos concretos para se acreditar que o mundo será capaz de reverter o cenário preocupante previsto pelos relatórios anteriores do IPCC para as próximas décadas.

Constata-se, portanto, que a disponibilidade de mais evidências científicas e o consequente avanço do conhecimento na área não têm necessariamente impacto prático, ou seja, não estão se revertendo em medidas concretas de combate aos problemas que se impõem. Nacionalmente a situação é ainda mais crítica. “Aumentamos muito o consumo de gasolina, diminuímos proporcionalmente o do etanol, estamos com todas as termelétricas ligadas atualmente queimando todos os combustíveis, alguns dos quais muito poluentes... O momento não é bom”, destacou Pinguelli, que já dirigiu a Eletrobras e é o atual diretor da Coppe/UFRJ. Até em relação à nossa taxa de desmatamento, que atingiu redução recorde no ano passado, o cenário é desfavorável. Já há indícios de que nos últimos meses de 2012, ela subiu significativamente.

Mais armas contra “difamadores”?