sábado, 28 de julho de 2012

CARTA DE APOIO DO EDITORIAL DO BOLETIM DO MEIO AMBIENTE

Aos Companheiros da Associação de Homens e Mulheres do Mar (AHOMAR)



Caros Companheiros,

A equipe responsável pela publicação do Boletim do Meio Ambiente vem manifestar seu apoio aos bravos pescadores artesanais afetados pelo gasoduto construído na Baía de Guanabara por empresas do setor terciário contratadas pela Petrobras. É  fato  que a luta por uma vida digna e um meio ambiente saudável se transforma numa rotina árdua, quando debatido sobre o preço pago por um desenvolvimento que beneficia meia dúzia de pessoas em detrimento dos trabalhadores.

No dia a dia, somos espoliados, desrespeitados e subjugados por um Estado opressor. E toda resistência a esse poder coercitivo provoca grande admiração e, por consequência, mobilização para a união dos povos oprimidos numa revolução que ponha em xeque esse modelo de produção e consumo desumano. Sabemos o quanto é exaustiva a militância, quantas perdas, muitas das vezes irreparáveis, cruzam o nosso caminho. É sabido também que é nessas horas que somos dominados pelo desânimo e a desmobilização, enxergando somente o desamparo.

Entretanto, devemos procurar novas energias nesses momentos de tristezas e medos. A dificuldade dessa recuperação pode ser superada e será superada, ainda mais quando a sociedade brasileira parece acenar ao prevalecimento da justiça socioambiental. Os “guerreiros” da AHOMAR merecem toda força para impor seus anseios, refletidos por um modelo de sustentabilidade ameaçado pelos empreendimentos feitos pela Comperj (Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro).

Como escopo dessa carta, queremos parabenizar pela brilhante luta feita pelos pescadores artesanais da Baía de Guanabara para garantir seu sustento, além de assegurar nossa disponibilidade juntar as nossas vozes às dos companheiros da AHOMAR. Acreditamos nas bandeiras levantadas por vocês porque nelas enxergamos a esperança à saída desse “desenvolvimentismo” predador, o esboço do relacionamento racional do homem com a natureza e a preocupação com o futuro.

Em especial, saudamos o presidente da AHOMAR, companheiro Alexandre Anderson, e desejamos sua vitória como líder de um movimento audacioso, o qual acende o sentimento da revolta popular em combate aos projetos de grandes impactos ambientais, que são vistos não só no município carioca, mas em todo Brasil. Logo, lutar contra o gasoduto aqui na cidade do Rio de Janeiro significa combater a Barragem do Rio Guapiaçu, em Cachoeiras de Macacú (RJ); a UHE Belo Monte, em Altamira (PA); a Aracruz Celulose S/A e os “desertos verdes”, em Aracruz (ES), porque  essas grandes obras, que não trarão nenhum benefícios às comunidades locais, estão interligadas por um mesmo modelo de desenvolvimento. Na região como herança, ocorre, muitas vezes, o contrário do benefício; o inchaço urbano, degradação florestal, poluição das águas e injustiças sociais.

Finalizamos, reforçando nossa identificação com as lutas dos pescadores artesanais da AHOMAR, pois, como bem disse Jean-Paul Satre: “Quando a liberdade eclode no espírito de um homem, dez não podem nada contra esse um”.

Rio de Janeiro, quarta-feira, 11 de julho de 2012

Assinaturas da “Carta de Apoio do Editorial do Boletim do Meio Ambiente – Aos Companheiros da Associação de Homens e Mulheres do Mar (AHOMAR)” em ordem alfabética:

Ana Eliza de Freitas Martinho
Graduando em Gestão Ambiental

Laís Viana Pinheiro
Graduando em Gestão Ambiental

Larissa Relva da Fonte Gonçalves Endlich
Estudante secundarista em Técnico Ambiental

William Matheus da Cruz Souza
Estudante secundarista em Técnico Ambiental






quinta-feira, 26 de julho de 2012

As duas faces de Marina

Nesses últimos anos, a temática ambiental alcançou dimensões que proporcionou a novas camadas e grupos da sociedade a possibilidade de discutir esse tema. E, por consequência, surgiram novas acepções para meio ambiente, muitos incorporaram a seu ”bel-prazer” conceitos de outros setores (econômicos e financeiros). A cada avanço dado pela discussão ambiental, mais complicado se torna definir o que seria meio ambiente. Devido a essa “popularização” da discussão sobre o meio ambiente , o ativismo ambiental teve um crescimento pujante nesse decênio, pluralizando ainda mais o debate. Novos líderes emergiram do anonimato e antigos se consolidaram na militância, e, dentre eles, está o nome de Marina Silva.

Marina, ex-ministra do Meio Ambiente e ex-petista, lançou sua candidatura presidencial em 2009 pelo Partido Verde (PV). Logo meio ambiente virou pauta dos debates eleitorais, tanto petistas quanto tucanos trataram de maquiar seus discursos de verde. Marina se destacou por sua plataforma de desenvolvimento sustentável, usando como arcabouço o comprometimento do setor empresarial de assumir a locomotiva do processo rumo à sustentabilidade.  Sua imagem passou a ser vinculada à militância “verde”, emergiu uma nova liderança política do ativismo ambiental. Mesmo alcançando 20 % nas urnas, assim entrando para a história do PV que nunca antes tinha conseguido um número tão expressivo numa candidatura à presidência, perdeu para sua ex – colega de partido, Dilma Roussef. Porém, permaneceu como expoente brasileiro emblemático na luta “verde” nas esferas, nacional e mundial.

domingo, 22 de julho de 2012

O PODEROSO CHEFÃO

O Brasil está numa fase muito otimista para os economistas, chegou a 6º maior economia mundial e almeja o primeiro lugar com a esperança banhada em “ouro negro”, o petróleo, ou melhor, o Pré-Sal. Acompanhando essa ascensão da economia brasileira, ainda calcada nos moldes desenvolvimentistas dos anos 50, aparece um “novo” grupo de empresariado liderado por Eike Batista. O nome do empresário virou sinônimo de sucesso, luxo e riqueza. Suas empresas “X” se espalham por todo o Brasil entre vários setores.

Eike Batista, filho do ex-ministro de Minas e Energia, Ezequiel Batista, concentrou seus esforços com os negociadores chineses, legado do seu pai. Na extração de minérios, a MMX, maior fornecedora da matéria prima a Siderurgia chinesa, domina o setor junto a sua concorrente Vale, espoliando os bens naturais e aviltando as comunidades tradicionais. A ganância de Eike Batista causa espanto, sua meta de chegar ao primeiro lugar como o homem mais rico do mundo não é novidade nenhuma, porém a maneira sórdida  através da qual consegue acumular capital fica omissa.

O seu mais novo megaprojeto, que favorece seus parceiros chineses, é a Zona Portuária do Açu, em São João da Barra (RJ). Serão 1.500 famílias desalojadas e a remoção já foi iniciada sem ao menos o estabelecimento de um lugar para serem realocados. Os agricultores estão indignados com a falta de respeito e com a truculência do processo de remoção, que está sendo feito pela segurança privada de Eike junto com a polícia militar.