segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Buscamos realocação

por Laion Okuda

          A criação de novos bairros geralmente reflete o crescimento populacional de uma região (com exceção de algumas regiões do mundo, em que bairros são criados antecipando o crescimento populacional que está planejado para ocorrer em alguns anos, vide China). Esse surgimento, quando acontece de modo organizado, gera novas possibilidades de empreendimentos. Dentre elas, novos empregos para sua construção, e quando prontos, novos pontos comercias para sanar as necessidades da população que virá a se desenvolver no local.
            No Início de 2013, o até então chamado Pontal do Recreio começou a receber visitas de tratores, escavadeiras e outras grandes máquinas com a finalidade de derrubar, cortar e esmigalhar árvores e o que mais estivesse na sua frente. Por certo tempo os residentes do bairro pensaram que as grandes máquinas faziam parte de algum projeto de certas áreas de condomínio privados a fim de reformas independentes. Até que as maquinas começaram a ser utilizadas nas mediações do bairro em locais que até então se tratavam de áreas de reservas florestais.
            A construção desse novo bairro é muito debatida. Um fator é a valorização do terreno que pode acontecer com os aglomerados residenciais a serem criados com o fatídico dilema entre “Dois ou três quartos?!”. Outro ponto é a necessidade óbvia de melhorar suas estradas que trariam junto um crescente porem necessário aumento de veículos na região. Deste modo vai afetar a camada de ozônio, gerar engarrafamentos, acidentes toda liturgia corriqueira.
            Acima de tudo a grande relevância da alteração do nome do bairro de Pontal para Pontal Oceânico (A ideia era de o nome opor-se ao conhecido bairro Jardim oceânico, também construído numa área que os residentes pensavam se tratar de uma reserva). Enquanto todas estas grandes questões eram devidamente discutidas, alguns outros residentes das espécies Didelphis marsupialis, Callithrix jacchus, Agouti paca, Coendou sp, Akodon sp, Oryzomys sp, Marmosa spp entre outras mais, tiveram que fugir apressadamente de seus antigos lares para não serem soterrados, esmagados, esquartejados ou sofrerem qualquer outro de tipo de morte que as grandes máquinas poderiam causar.
            O que realmente incomoda é que não há parâmetro para delimitar reservas florestais tão próximas de áreas residenciais. Quem o faz e quem as protegem? Em primeira instância imaginamos que nossos prefeitos e governadores estão tomando conta de assuntos que envolvem a política florestal, mas eles estão? Não se pode esquecer que a região da qual conversamos, é a da Mata Atlântica, a área de maior perjúrio em relação ao desmatamento em nosso país (mais desflorestada do que a própria Floresta Amazônica).

            Portanto quem deveria estar “cuidando” de nossas áreas protegidas, estão na verdade permitindo (e possivelmente lucrando, licitamente ou não) que estes locais sejam trabalhados por grandes construtoras, que sobre o nome da urbanização, e a promessa de ciclovias, canteiros e guaritas, estão retirando um pouco mais da Floresta Atlântica que nos resta.

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